Nas televisões, para além de uma lógica comercial, suponho que existe uma lógica jornalística na concepção de programas informativos... É esta lógica jornalística que me assusta em "Deus e o Diabo". Este programa é o protótipo do populismo tal como o conhecemos hoje e que se alimenta sobretudo das "redes sociais". Agora chegou à televisão pela mão do mesmo jornalista que introduziu os reality shows na tvi, e que volta a "inovar" com mais um programa lamentável e que se baseia em duas coisas muito simples: uma frase retirada do contexto e imediatamente valorizada - falsa, verdadeira, ... - e a opinião de público anónimo em direto sobre essa frase ou qualquer outra.
É assim que nascem os populismos: uma opinião que se transforma em realidade/verdade e o pseudo-contraditório sobre essa realidade/verdade... É a transposição direta das fake news das "redes sociais" para as tv's, para um público-alvo bem definido. Depois queixem-se!
O J. Eduardo Moniz não é obviamente ingénuo e diz ao que vem: “Não pensem que vou fazer um debate, uma entrevista, que vou fazer de moderador… Não é nada disso! Espero que os portugueses gostem, porque vão ver jornalismo sério, muito frontal, sem papas na língua, que chama as coisas pelos nomes. Vai ser interessante“.
J. E. Moniz imagina-se sentado numa poltrona moralista, entre as cadeiras monoteístas de Deus e do Diabo. Condiz com a personagem, mas não pense que somos estúpidos.