Às vezes passam dias e as palavras não existem,... é como se de repente o céu ficasse sem nuvens, sem estrelas, vazio... e, no entanto, isto, este vazio, não é possível. Não há vazios, mas apenas outra coisa que não são palavras..., são cores, são gestos, são silêncios... Mas as palavras também são isto, também são cores, também são gestos, também são silêncios,... só que são outras palavras, são outra coisa, que não se escreve, não se lê, não fica, não permanece. É a isto que chamam a espuma dos dias?, qualquer coisa de irremediavelmente precário, qualquer coisa que vive e morre ao mesmo tempo? Um dia é um dia, com palavras ou sem elas, com gestos ou sem eles, com cor ou sem cor, com gritos ou com silêncios... Por muito que me custe, há dias que não constam da memória e apenas traduzem um tempo ausente. Pena é que esses dias não sejam recuperáveis, reutilizáveis nos momentos em que esse tempo é insuficiente... Devíamos poder escolher os tempos da nossa existência!