A LuxLeaks é um bonito nome para baptizar este caldeirão com os ingredientes do costume: um paraíso fiscal, umas dezenas de multinacionais e uma consultora. O cozinheiro também faz parte dos chefs conhecidos. Estes menus, típicos de um mundo globalizado, estão a tornar-se repetitivos e banais, sintoma típico de algo que se desagrega e se decompõe aproximando-se mais do momento de ruptura. É uma questão de tempo, tempo histórico porque a pressa não entre neste jogo.
«[...] Uma investigação internacional, divulgada esta quinta-feira por alguns órgãos de comunicação social, revela a existência de acordos fiscais secretos durante oito anos entre o governo luxemburguês e 340 empresas multinacionais. Apple, Amazon, Ikea, Pepsi e Axa são algumas das empresas envolvidas nesta contabilidade paralela.
Segundo o "The Guardian", os acordos foram assinados entre 2002 e 2010, altura em que Jean-Claude Juncker, o atual presidente da Comissão Europeia, era primeiro-ministro do país, e representam milhares de milhões de euros em receitas fiscais perdidas pelos Estados onde as multinacionais estão sediadas.
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Intitulada "Luxembourg Leaks" ou "LuxLeaks", a investigação - que envolveu 80 jornalistas de 26 países durante seis meses - teve como base cerca de 28 mil páginas de documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).
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A consultora PricewaterhouseCoopers (PwC), que mediou os acordos com Luxemburgo e elaborou os relatórios, alega, por sua vez, que as questões colocadas pelos jornalistas do consórcio internacional foram baseadas em informação "roubada" e "antiga", mas que coloca essa questão nas "mãos das respetivas autoridades".[...]»
Expresso online. 06.11.2014.