(Ambrósio, comi os FR, já só resta um... Ah, mas que chapéu bonito fizeste do lixo. Bravo, Ambrósio!)
Há coisas possíveis que parecem intangíveis e é estranho que assim seja!
Vistas deste lado (do lado racional?...) estas coisas possíveis até parecem simples, apesar de estupidamente informes, meio escondidas num canto da memória, prisioneiras de tudo e de nada, do todo e do vazio, mas espreitando de vez em quando num pensamento efémero.
Inscreveram o pessimismo no manual de boas maneiras, mas é só um manual cheio de regras inúteis... E como é estranho um manual de pessimismo! E como é trágico utilizar este manual de bolso...
E a realidade?
E se de repente estas coisas possíveis estivessem ao alcance da mão? Ah, batia-lhes com força, porque não há nada mais injusto que uma coisa possível que teima em olhar a realidade com desdém, como se o seu pequeno mundo invisível fosse todo o universo.
A realidade é uma chatice?
Este mundo é complexo, mas bastam alguns gestos para se ir tornando um pouco mais acolhedor, um pouco menos sombrio. Não tenho a certeza que estes gestos sejam a expressão exata das coisas possíveis e tangíveis, mas também não interessa – o pensamento sempre foi uma forma de conhecer e moldar a realidade.
("O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas" William George Ward - Teólogo, séc. XIX)
Inquieta-me a luz trémula da vela para além da porta aberta. É algo intangível, uma falsa entrada!