(Óleo s/tela, 30x50)
"Sabia que o bem, como o mal, é uma questão de rotina, que o temporário se prolonga, que o exterior se infiltra no interior e que, com o decorrer do tempo, a máscara torna-se face."
Marguerite Yourcenar in Memórias de Adriano
"Qual é a cor do teu mundo?", era a pergunta que mais gostava de fazer aos meus amigos. Deixei de a fazer a partir do momento em que o ligeiro brilho nos olhos e o sorriso cúmplice foi desaparecendo, sendo substituído por um "hã?!" jocoso e um olhar desviado para o infinito. Estes hã(nões), cuja máscara se tornou face, nunca perceberão que a pergunta era apenas uma "senha" que se estendia duma mão a um universo de coisas comuns (há uns anos, a estas coisas, chamaria utopias...). É por isso que tento resistir à vulgaridade do dia a dia, ainda que perplexo, ainda que apenas com a cor do meu mundo. Como diz a canção do Sérgio Godinho, "(...) /já só quero é ser feliz!".